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Extraído da Veja
Copa: por que você não vai conseguir comprar um ingresso
É uma questão de matemática: muitos torcedores na fila, nem tantos bilhetes disponíveis. Será preciso ter muita sorte. Saiba como aumentar suas chances
Giancarlo Lepiani
Obras do Maracanã, no Rio de Janeiro, em setembro de 2012: capacidade bruta calculada para a Copa das Confederações é de 79.052 lugares - Daniel Basil/Ministério do Esporte/Divulgação
Os preços praticados pela Fifa são um dos motivos para deixar a caça aos ingressos ainda mais encarniçada. Eles não são nenhuma pechincha. Mas quando comparados aos valores cobrados em outros eventos de grande porte no país, parecem bastante atrativos
No Brasil, quando o assunto é o Mundial de 2014, as opiniões mais frequentes seguem a linha do "imagina na Copa": os aeroportos e hotéis superlotados, as obras atrasadas, o gasto excessivo de dinheiro público… Os brasileiros, porém, não são apenas desconfiados em relação à capacidade de seus políticos e desiludidos com nossos problemas estruturais. São também profundamente e irremediavelmente apaixonados por futebol. É por isso que, na hora de falar sobre a Copa, um outro comentário é repetido à exaustão: "Quero ver pelo menos um jogo no estádio". "Nem que seja uma partida entre duas seleções fraquinhas", completam alguns. "Vou arrumar algum jeito de estar na final", avisam outros. O interesse pelo megaevento é mais que compreensível, ainda que a organização esteja claudicante e ainda que a equipe de Mano Menezes não empolgue ninguém. No país da única seleção pentacampeã do mundo, pouco mais de 7% da população atual já era viva na primeira Copa sediada em seu território, em 1950, e só um número reduzidíssimo teve a oportunidade de estar num dos seis estádios que receberam o torneio naquela ocasião. A chance única de ver o maior espetáculo do futebol acontecendo dentro de seu próprio país faz com que milhões de torcedores estejam na contagem regressiva para o início da venda de ingressos, previsto para ocorrer no segundo semestre de 2013. É aí que está o grande problema.
Acredita-se que o número de interessados nos bilhetes para o Mundial é tão estratosférico que a chance de conseguir uma entrada - principalmente para os jogos mais desejados, como a abertura, as partidas da seleção brasileira e a grande final - será bastante pequena. Há várias maneiras de aumentar suas possibilidades na briga por um ingresso (e, conforme você pode ver no quadro abaixo, isso não significa necessariamente gastar mais dinheiro, mas sim conhecer melhor as regras do processo). De qualquer forma, o torcedor brasileiro, especialmente o mais fanático e ansioso pela Copa, precisa ter na cabeça desde já uma conclusão decepcionante: a não ser por uma boa dose de sorte, é bastante provável que você não conseguirá comprar um ingresso, mesmo que não esteja sonhando com a final. A dificuldade se resume a uma simples questão de matemática. A Copa do Mundo terá cerca de 3 milhões de lugares para 64 jogos e 32 países participantes. Além dos torcedores de todas essas seleções, há também os aficionados de dezenas de outros países que pretendem visitar o Brasil entre 12 de junho e 13 de julho de 2014. Soma-se a isso o fato de o anfitrião ser o país-sede mais populoso desde os Estados Unidos, em 1994 - são 193 milhões de pessoas, quase quatro vezes mais que a África do Sul, palco do Mundial de 2010, e mais que o dobro da Alemanha, a escolhida em 2006. As dez cidades mais populosas do país estão entre as doze sedes do torneio, que começa na maior metrópole brasileira (São Paulo, 11,3 milhões de habitantes) e termina na segunda colocada da lista (Rio, 6,3 milhões).
Acredita-se que o número de interessados nos bilhetes para o Mundial é tão estratosférico que a chance de conseguir uma entrada - principalmente para os jogos mais desejados, como a abertura, as partidas da seleção brasileira e a grande final - será bastante pequena. Há várias maneiras de aumentar suas possibilidades na briga por um ingresso (e, conforme você pode ver no quadro abaixo, isso não significa necessariamente gastar mais dinheiro, mas sim conhecer melhor as regras do processo). De qualquer forma, o torcedor brasileiro, especialmente o mais fanático e ansioso pela Copa, precisa ter na cabeça desde já uma conclusão decepcionante: a não ser por uma boa dose de sorte, é bastante provável que você não conseguirá comprar um ingresso, mesmo que não esteja sonhando com a final. A dificuldade se resume a uma simples questão de matemática. A Copa do Mundo terá cerca de 3 milhões de lugares para 64 jogos e 32 países participantes. Além dos torcedores de todas essas seleções, há também os aficionados de dezenas de outros países que pretendem visitar o Brasil entre 12 de junho e 13 de julho de 2014. Soma-se a isso o fato de o anfitrião ser o país-sede mais populoso desde os Estados Unidos, em 1994 - são 193 milhões de pessoas, quase quatro vezes mais que a África do Sul, palco do Mundial de 2010, e mais que o dobro da Alemanha, a escolhida em 2006. As dez cidades mais populosas do país estão entre as doze sedes do torneio, que começa na maior metrópole brasileira (São Paulo, 11,3 milhões de habitantes) e termina na segunda colocada da lista (Rio, 6,3 milhões).
Como aumentar sua chance
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Escolha os jogos certos
É claro que as partidas mais importantes são as mais concorridas - todo mundo quer estar na abertura, na final e nos jogos da seleção brasileira. Quem decidir tentar a sorte nessas datas precisa saber que está disputando um lugar com muita gente. O ideal é entrar no sorteio de uma ou duas entradas desse tipo, mas tentar a sorte também nos jogos menos badalados da fase de grupos. Na Copa das Confederações, será possível ver, por exemplo, seleções como Espanha, Uruguai e Itália em ação.Ordem de chegada ou sorteio - O resultado é inevitável: a corrida pelos ingressos será a mais acirrada das últimas décadas, exigindo do torcedor uma sorte digna de acertador de números de loteria. Por causa dessas circunstâncias, é indispensável conhecer bem as regras, traçar uma boa estratégia e saber usar o regulamento da Fifa em seu favor. Considerada o ensaio geral para 2014 - tanto nos estádios como fora deles -, a Copa das Confederações pode servir como uma espécie de teste também para o torcedor disposto a tudo para conseguir um lugar no Mundial. Com presenças confirmadas das seleções do Brasil, Espanha, Itália e Uruguai - que, somadas, têm doze títulos mundiais -, a competição promete ser sensacional. Ela acontece perto das férias escolares (entre 15 e 30 de junho) e deverá ter uma concorrência bem mais modesta por ingressos do que a grande festa do ano seguinte. As vendas começam já na semana que vem, no dia 21 - antes mesmo, portanto, da definição dos dois grupos do torneio, marcada para o dia 1º de dezembro, em São Paulo. Essa primeira fase consiste numa promoção da Visa, patrocinadora oficial da Fifa. Considerada uma "pré-venda", é restrita aos usuários de cartão de crédito dessa bandeira. É também a etapa mais simples e direta da comercialização de bilhetes: aberta tanto a brasileiros como a estrangeiros, é feita por ordem de chegada, sem meia-entrada nem prioridades (a não ser em relação ao uso do cartão Visa, é evidente).
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A fatia de ingressos distribuída nessa pré-venda, no entanto, é pequena. O montante mais significativo é disponibilizado na fase seguinte, justamente a mais concorrida: o sorteio de ingressos. Nela, todos os torcedores registram seus pedidos e têm de esperar a loteria dos bilhetes para saber se conseguiram uma entrada. Não importa quando o pedido foi feito: a ordem das requisições não aumenta nem diminui as chances. Em meados de fevereiro de 2013, a Fifa promove outra etapa de vendas por ordem de chegada. Na reta final, já às vésperas do torneio, acontece a fase de vendas de última hora, só com os ingressos remanescentes - e, por consequência, menos desejados (confira todas as regras e prazos no quadro ao fim do texto). Competição bem menor que o Mundial, com apenas oito seleções, dezesseis jogos e seis sedes (confira os estádios na galeria de fotos acima), a Copa das Confederações terá um total de 829.286 entradas. À primeira vista, é uma carga generosa de bilhetes para uma simples prévia da Copa. Mas a matemática dos ingressos, mais uma vez, é cruel. Desse total, 107.515 assentos são entregues aos organizadores (60.149 para a Fifa, 24.931 para a CBF e 22.435 a outras federações nacionais). Outra fatia, de nada menos que 244.330 bilhetes, acaba sendo abocanhada por parceiros comerciais da Fifa, que os distribuem em promoções ou nos chamados pacotes de hospitalidade. Sobram para a venda ao público em geral 477.441 ingressos, apenas 57% do número total.
As regras básicas e os prazos
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Onde efetuar a compra
No site da Fifa, que tem versão em português: pt.fifa.com. Só haverá postos de venda para o torcedor comprar ingressos pessoalmente na última fase de venda de bilhetes, a partir de 15 de abril de 2013. A compra on-line exige que o torcedor crie uma conta na seção de ingressos da página (o que pode ser feito desde já). O cliente será informado sobre o andamento de sua solicitação por e-mail. Os bilhetes poderão ser retirados em um dos Centros de Ingressos da Fifa a partir de maio de 2013. Benefícios e prioridades - Vale ressaltar que é assim em todas as edições do torneio, não só no Brasil. Como dona da festa, a Fifa não pode deixar de atender a dirigentes, patrocinadores e emissoras de TV oficiais, que ajudam a bancar o evento. Foi assim na Alemanha-2006 e na África do Sul-2010. Será assim na Rússia-2018 e no Catar-2022. Quem gosta de reclamar dos cartolas da entidade - outra queixa recorrente nas discussões sobre a Copa - precisa levar em conta que o país-sede é beneficiado em vários aspectos da distribuição de ingressos. A concorrência no sorteio com torcedores de outros países é mais que natural - se todos os assentos fossem reservados ao público local, não seria uma Copa do Mundo e o evento não teria a menor graça. Mas a Fifa reservou, por exemplo, uma categoria de ingressos populares destinada exclusivamente aos brasileiros. Assim como já ocorreu na África, esses bilhetes tem como compradores prioritários os estudantes e idosos. No caso brasileiro, também será dada prioridade a beneficiários do Bolsa Família, uma forma de garantir que a presença nos estádios não se restrinja aos torcedores mais ricos. Outra colher de chá da entidade ao país-sede foi o câmbio adotado para calcular o preço dos ingressos para 2013. Faz tempo que o dólar, moeda usada para a definição dos valores das entradas, flutua perto da casa dos 2 reais. Os bilhetes da Copa das Confederações foram convertidos para a moeda local com um câmbio fixo favorável aos brasileiros, de 1,90 real. Na prática, portanto, o torcedor local paga um valor menor que os estrangeiros.
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Os preços praticados pela Fifa, aliás, são outro motivo para deixar a caça aos ingressos ainda mais encarniçada. Eles não são nenhuma pechincha, claro. Quando comparados aos valores cobrados em outros eventos de grande porte no país, contudo, parecem bastante atrativos (confira todos os preços abaixo). Os bilhetes mais baratos, para a categoria 4, a classe de entradas populares reservada aos brasileiros, saem por 57 reais, ou 28,50 com meia-entrada. Os mais caros, na categoria 1, a classe de ingressos para os setores com melhor visão do campo, chegam a 418 reais na grande final, no Maracanã, em 30 de junho. Não é barato, mas quando se pensa que a partida pode ser uma decisão de título entre Brasil e Espanha, por exemplo, é fácil imaginar que não faltarão interessados. Um ingresso para a pista premium nos shows da Madonna em São Paulo ou no Rio, no mês que vem, custa mais que o dobro: 850 reais. Assistir ao GP do Brasil de Fórmula 1, que acontece todo ano, custa no mínimo 510 reais - valor similar ao que foi cobrado nos jogos de exibição de Roger Federer em São Paulo, em dezembro (todas as entradas estão esgotadas, incluindo as de 990 reais). Com menos de 500 reais, aliás, é possível comprar um carnê de dois jogos no Maracanã, no Castelão ou no Mineirão - e na melhor categoria possível. Quem se contentar com um bilhete da classe 3, a mais modesta entre as opções sem preferência para estudantes e idosos, pode ir à final da Copa das Confederações pagando menos que o valor cobrado por uma cadeira no amistoso entre Brasil e África do Sul, no Morumbi, em setembro. Na Copa do Mundo, os valores serão maiores, mas não muito. Mais uma garantia de que os ingressos colocados à venda para 2014 serão tão disputados pelos torcedores quanto a taça Fifa pelas seleções do Mundial.
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Os ingressos para a Copa das Confederações (preços em reais)
INGRESSOS INDIVIDUAIS | Categoria 1 | Categoria 2 | Categoria 3 | Categoria 4* |
---|---|---|---|---|
Partida de abertura, em Brasília | 266 | 190 | 152 | 76 |
Jogos da fase de grupos e decisão do 3º lugar | 228 | 143 | 114 | 57 |
Semifinais, em Fortaleza e Belo Horizonte | 266 | 190 | 152 | 76 |
Final do torneio, no Rio de Janeiro | 418 | 266 | 190 | 95 |
CARNÊS PARA AS SEDES** | Categoria 1 | Categoria 2 | Categoria 3 | Categoria 4* |
---|---|---|---|---|
Estádio do Maracanã, no Rio (2 jogos) | 456 | 286 | 228 | 114 |
Estádio Castelão, em Fortaleza (2 jogos) | 456 | 286 | 228 | 114 |
Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (2 jogos) | 456 | 286 | 228 | 114 |
Arena Fonte Nova, em Salvador (3 jogos) | 684 | 429 | 342 | 171 |
Arena Pernambuco, no Recife (3 jogos) | 684 | 429 | 342 | 171 |
*Restrita aos brasileiros, com preferência para estudantes com carteirinha válida, idosos e beneficiários do Bolsa Família. Esses torcedores têm direito a pagar meia entrada sobre os valores apresentados acima. **Válidos só para jogos da fase de grupos e, no caso de Salvador, também para a decisão de terceiro lugar.