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Os blindados cedidos pela Marinha para apoiar a operação Choque de Paz, de ocupação da Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, foram estacionados no Leblon, também na Zona Zul, na noite deste sábado (12). Muitos moradores ficaram curiosos e passaram ao lado dos carros. Vários tiravam fotos. A polícia deve iniciar a ação na madrugada de domingo (13).
Blindados no Leblon viraram atração no Leblon (Foto: Bernardo Tabak/G1)
Algumas crianças aproveitaram para tirar fotos juntos aos veículos, que estão parados na Rua Capitão César Andrade, transversal à Avenida Bartolomeu Mitre. Os carros vão ficar em frente ao 23º BPM (Leblon) até o início da operação. A Avenida Bartolomeu Mitre foi interditada, na altura do batalhão.
A advogada Andréa Paim disse que não ficou assustada com a chegada dos veículos na rua onde mora há 16 anos. “A gente já esperava por isso há muito tempo. Tinha que acontecer alguma hora”, comenta. “Só fico preocupada com os soldados, que são muito jovens. Peço muito a Deus para que eles voltem bem para casa”, complementa a advogada, ao lado dos dois filhos menores, que tiravam fotos junto aos blindados. “Eu queria ser da Marinha. Gosto muito”, diz Bruno Paim, filho de Andréa.
“Eu estava no supermercado, quando vi os tanques dobrarem a esquina”, conta o aposentado Jorge dos Santos, de 73 anos, 38 deles vividos na Rua General Urquiza, transversal à rua onde os blindados estão parados. “Nunca vi isso por aqui, e é bem estranho. Mas estou confiante de que tudo vai dar certo”, concluiu.
Pelo menos 50 militares circulam no entorno do batalhão (Foto: Bernardo Tabak/G1)
Dez veículos blindados da Marinha - quatro blindados piranha e seis carros lagarta-anfíbio (Clanf) - foram estacionados na frente do batalhão. Além deles, um caminhão também está posicionado no local. Pelo menos 50 militares circulam pela área, que vai funcionar como quartel-general para a operação na Rocinha.
Interdição no trânsitoA Polícia Militar informou que nem mesmo moradores das ruas e avenidas interditadas para a operação Choque de Paz, que vai ocupar a Favela da Rocinha no domingo (13), vão poder passar pelos bloqueios, a partir de 2h30 deste domingo. A informação foi dada pelo coronel Frederico Caldas, relações-públicas da corporação. A operação vai ocupar a Favela da Rocinha para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Interdição no trânsitoA Polícia Militar informou que nem mesmo moradores das ruas e avenidas interditadas para a operação Choque de Paz, que vai ocupar a Favela da Rocinha no domingo (13), vão poder passar pelos bloqueios, a partir de 2h30 deste domingo. A informação foi dada pelo coronel Frederico Caldas, relações-públicas da corporação. A operação vai ocupar a Favela da Rocinha para a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
“Só vai ser permitida a passagem de veículos que vão participar da operação”, afirmou Caldas. Entretanto, o coronel disse que situações de emergência, onde a necessidade de passar por algum bloqueio seja necessária e urgente, serão avaliadas pelos policiais responsáveis pela interdição.
“Será visto caso a caso. Se houver alguma emergência, o PM responsável pelo bloqueio vai reportar ao comando da operação para verificar a possibilidade de liberar a passagem”, explicou Caldas. Em nota, a Polícia Militar informou que, nesses casos, vai precisar ser “comprovada a condição de morador”, e a passagem só será permitida “caso não implique riscos à operação e ao cidadão”.
Ao todo, cinco vias em torno das favelas da Rocinha e do Vidigal vão ser interditadas, a partir de 2h30 deste domingo (13): a Autoestrada Lagoa-Barra (nos dois sentidos), a Avenida Niemeyer, a Estrada do Joá, a Rua Marquês de São Vicente e a Estrada das Canoas.
Os oito pontos de bloqueio vão ser na Avenida Prefeito Mendes de Moraes, na junção com Avenida Niemeyer, no sentido Vidigal; na Rua Visconde de Albuquerque, no acesso à Avenida Niemeyer, no sentido Vidigal; na Avenida Padre Leonel Franca, sentido Barra da Tijuca, no acesso ao Planetário da Gávea; na Estrada das Canoas, com o fechamento do acesso vindo do Alto da Boa Vista; na Rua Marquês de São Vicente, na esquina com Rua Cedro; na Avenida Ministro Ivan Lins, no acesso ao Elevado do Joá; na Barrinha, no acesso à Estrada do Joá; na Autoestrada Lagoa-Barra, no primeiro retorno após o Mercado Zona Sul, sentido Leblon.
Extraído do TERRA
Extraído do TERRA
Moradores da Rocinha penduram faixa na entrada da favela pedindo "Paz, com justiça social"
Foto: Reinaldo Marques/Terra
Foto: Reinaldo Marques/Terra
Antes mesmo da entrada das forças de segurança do Rio de Janeiro na comunidade da Rocinha - prevista para a madrugada deste domingo -, um grupo de moradores da Rocinha estendeu faixas na passarela próxima à entrada de São Conrado que traziam um recado ao poder público: de que não há paz sem justiça social. Por volta das 19h deste sábado, faixas com a inscrição "paz com justiça social" foram penduradas no local.
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Bruno Borges, 32 anos, é comerciante e mora na Rocinha desde que nasceu. Ele afirma que a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local não é suficiente para que a realidade da população sofra uma mudança significativa.
"Pode ser bom para o futuro dos nossos filhos, mas não sabemos o que o governo vai realmente prover para a comunidade. Sabemos que os policiais são mal remunerados e que nem sempre agem de maneira correta. Na verdade, há um grande receio de todos que moram aqui sobre o que pode acontecer, já durante a invasão", diz.
Caio Bernardes, 22 anos, que já trabalhou como garçom na França por meio de um convênio com uma organização não-governamental que atua na Rocinha, disse que nesse sábado o clima dentro da comunidade era praticamente normal ao de outros finais de semana, mas que existe apreensão sobre o que pode acontecer neste domingo, quando as forças policiais entrarão na favela.
"Nosso maior receio é em relação ao abuso de poder. De entrarem nas casas e haver problemas como os relatados no Complexo do Alemão. No mais, o que se espera é que a vida volte ao normal o mais rápido possível", diz.
No ano passado, quando policiais e o Exército entraram no Complexo do Alemão, houve relato do furto de eletrodomésticos e de truculência policial com moradores durante a revista de algumas casas.
Fernando Vieira, 18 anos, aluno do segundo ano do ensino médio, afirma que muitos moradores preferiram deixar as suas casas para só voltar quando tudo estiver normalizado. "Muita gente preferiu sair. Esperamos que a ocupação seja tranquila. Dentro da favela ninguém espera qualquer tipo de reação", disse.
A prisão de Nem
O chefe do tráfico da favela da Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar no início da madrugada de 10 de novembro. Um dos líderes mais importantes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), ele estava escondido no porta-malas de um carro parado em uma blitz por estar com a suspensão baixa, em uma das saídas da maior favela da América Latina -, que havia sido cercada por policiais na noite do dia 8 de novembro.
Desde o dia anterior, a polícia já investigava denúncias de um possível plano para retirar o traficante da Rocinha. Além de Nem, três homens estavam no carro. Um se identificou como cônsul do Congo, o outro como funcionário do cônsul, e um terceiro como advogado - a embaixada da República do Congo, entretanto, informou não ter consulados no Rio. Os PMs pediram para revistar o carro, mas o trio se negou, alegando imunidade diplomática. Os agentes decidiram, então, escoltar o veículo até a sede da Polícia Federal. No caminho, porém, os ocupantes pediram para parar o carro e ofereceram R$ 1 milhão para serem liberados. Neste momento, os PMs abriram o porta-malas e encontraram Nem, que se escondia com R$ 59,9 mil e 50,5 mil euros em dinheiro.
Nem estava no comando do tráfico da Rocinha e do Vidigal, em São Conrado, junto de João Rafael da Silva, o Joca, desde outubro de 2005, quando substituiu o traficante Bem-te-vi, que foi morto. Com 35 anos, dez de crime e cinco como o chefe das bocas de fumo mais rentáveis da cidade, ele tinha nove mandados de prisão por tráfico de drogas, homicídio e lavagem de dinheiro. Nem possuía um arsenal de pelo menos 150 fuzis, adquiridos por meio da venda de maconha, cocaína e ecstasy, sendo a última a única droga consumida por ele. Com isso, movimentaria cerca de R$ 3 milhões por mês, graças à existência de refinarias de cocaína dentro da favela.
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Bruno Borges, 32 anos, é comerciante e mora na Rocinha desde que nasceu. Ele afirma que a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no local não é suficiente para que a realidade da população sofra uma mudança significativa.
"Pode ser bom para o futuro dos nossos filhos, mas não sabemos o que o governo vai realmente prover para a comunidade. Sabemos que os policiais são mal remunerados e que nem sempre agem de maneira correta. Na verdade, há um grande receio de todos que moram aqui sobre o que pode acontecer, já durante a invasão", diz.
Caio Bernardes, 22 anos, que já trabalhou como garçom na França por meio de um convênio com uma organização não-governamental que atua na Rocinha, disse que nesse sábado o clima dentro da comunidade era praticamente normal ao de outros finais de semana, mas que existe apreensão sobre o que pode acontecer neste domingo, quando as forças policiais entrarão na favela.
"Nosso maior receio é em relação ao abuso de poder. De entrarem nas casas e haver problemas como os relatados no Complexo do Alemão. No mais, o que se espera é que a vida volte ao normal o mais rápido possível", diz.
No ano passado, quando policiais e o Exército entraram no Complexo do Alemão, houve relato do furto de eletrodomésticos e de truculência policial com moradores durante a revista de algumas casas.
Fernando Vieira, 18 anos, aluno do segundo ano do ensino médio, afirma que muitos moradores preferiram deixar as suas casas para só voltar quando tudo estiver normalizado. "Muita gente preferiu sair. Esperamos que a ocupação seja tranquila. Dentro da favela ninguém espera qualquer tipo de reação", disse.
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