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Já é possível fazer vídeos a partir do que vemos, por meio das ondas cerebrais, será que vão fazer o mesmo com aquilo que sonhamos?
Pois os cientistas do instituto Max Planck, em parceria com o hospital Charité, obtiveram êxito em mapear a atividade cerebral dos voluntários durante o sonho. Para tanto tiveram que superar um obstáculo que sempre atrapalhou esse tipo de pesquisa. Como determinar quando o indivíduo começava a sonhar para poder relacionar os resultados obtidos no mapeamento cerebral.
Para isso eles lançaram mãos de pessoas que conseguiam ter consciência de que estavam sonhando e controlar o sonho. Os chamados "sonhadores lúcidos".
Fonte de especulações esotéricas há milênios, o fenômeno do sonho lúcido foi desvendado pelo cientista Stephen LaBerge, nos anos 1980, que demonstrou que o sonho lúcido pode ser alcançado por treinamento.
O principal obstáculo para estudar o conteúdo específico de um sonho é que a atividade espontânea do sonhar não pode ser experimentalmente controlada, uma vez que as pessoas normalmente não conseguem executar ações mentais pré-definidas durante o sono. A habilidade do sonho lúcido pode ajudar a superar esses obstáculos.
Michael Czisch. Coautor do estudo.
Segundo os cientistas, cerca de 50% das pessoas é capaz de fazer isso, mas nem todas conseguem fazê-lo sempre. Todavia, é possível treiná-las para que isso se torne mais fácil.
Eles dormiram durante as ressonâncias magnéticas e receberam instruções específicas: assim que ganhassem consciência de que estavam sonhando, deveriam fazer alguns movimentos com os olhos. Isso seria o sinal para que os pesquisadores soubessem o momento exato no qual eles estavam controlando os sonhos.
Em seguida, eles deveriam, no sonho, cerrar os pulsos direito, por dez segundos, e esquerdo, pelo mesmo tempo.
De posse dessas informações, os estudiosos puderam detectar qual era o início da fase lúcida do sonho e quais áreas estavam envolvidas nas tarefas que os voluntários estavam fazendo.
O resultado é que a região do córtex responsável pela execução de movimentos foi ativada durante o sonho de forma quase idêntica ao que aconteceria com a mão se mexendo de verdade, com a pessoa acordada.
Sonhar não é apenas olhar para um filme do sonho. As áreas do cérebro que representam movimentos específicos do corpo são realmente ativadas.
Martin Dresler. Membro do Instituto Max Planck
Dessa forma, ao sonhar que se está chutando uma bola, por exemplo, a região do cérebro responsável pelo movimento da perna é ativada de forma semelhante ao que seria se a pessoa estivesse acordada e realmente jogando futebol.
A descoberta sugere que o sonho lúcido, em combinação com a neuroimagem e com a polissonografia (a forma mais comum de monitoramento do sono), pode permitir a transferência de tarefas de "leitura cerebral" mais sofisticadas para o estado de sonho, dizem os pesquisadores.
Em outras palavras, pode ser possível interpretar o conteúdo sonhado analisando os padrões da atividade cerebral da pessoa.
O estudo foi publicado na revista científica Current Biology.
Fonte:
G1, Exame, Diário da Saúde, Info
[Via BBA]
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