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É Bronze
Valeu Yamaguchi!!
Amanhã é torcer pelo ouro do seu brother Esquiva!
Histórico
Após prever medalhas, pai de irmãos Falcão diz: 'Pelo menos um ouro virá'
De origem humilde, ex-lutador, hoje com 75 anos, revela que os irmãos Yamaguchi (até 81kg) e Esquiva Falcão (até 75kg) até passaram fome
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A vitória de Yamaguchi Falcão (até 81kg) sobre o cubano Júlio La Cruz Peraza por 18 a 15 nesta quarta-feira, pelas quartas de final de Londres 2012, não foi especial apenas porque ajudou a consolidar a quebra do tabu de 44 anos do boxe brasileiro sem medalhas em Olimpíadas. Tampouco porque seu irmão, Esquiva Falcão (até 75kg), também já garantiu no mínimo o bronze - ambos lutam suas semifinais na próxima sexta-feira. Ter dois irmãos medalhistas é fato raro e curioso também. Mas a conquista ganha ainda mais peso pela trajetória de vida dos dois.
Quem chega na casa da família Falcão no bairro de Jacaraípe, Serra, município da Grande Vitória, mal pode crer que dali sairiam dois medalhistas olímpicos. No fundo de um enorme terreno baldio, a moradia sem acabamento tem como vizinha apenas algumas árvores e um ringue improvisado, já cercado pelo mato, mas que ajudou a alimentar o sonho de quem um dia passou até fome. Não é vergonha. É verdade. A alegria de Touro Moreno, ex-lutador, hoje com 75 anos, é a de quem fez do boxe a única herança possível para seus filhos.
A pobreza, aliás, não ficou totalmente para trás. O telefone de Touro Moreno segue sendo público, um "orelhão" que fica a poucos metros da casa. E ele não parou de tocar nesta quarta. Do outro lado da linha, um orgulhoso senhor de cabelos brancos que nos seus áureos tempos de pugilista e praticante de luta livre sempre foi "duro na queda", mas que dessa vez não resistiu e chorou.
- Chorei, chorei, não teve jeito. Infelizmente, nunca pude dar luxo nenhum a eles. Eu sei todas as dificuldades que eu e os meninos passamos na vida. Mas há dez anos, durante uma entrevista, eu falei que eles ganhariam uma medalha olímpica. A minha lavoura nunca foi de arroz e nem de café, mas sim de filhos. E hoje estamos colhendo os frutos de anos de trabalho e de muitos obstáculos na vida. Para mim, só de vê-los nas Olimpíadas já fiquei satisfeito. Mas agora quero ver quem vai tirar essas medalhas deles. Pelo menos um ouro virá - prevê Touro, pai de 18 filhos, sendo 11 deles com Maria Olinda Falcão, mãe de Yamaguchi e sua terceira esposa.
A prole grandiosa, aliás, deve render mais pugilistas ao Brasil. Além de Yamaguchi, de 24 anos, e Esquiva, de 22, Estivan, de 16, e Thomaz Edson, de 20, já lutam. Nesta quarta, após vencer, Yamaguchi fez um "L" com os dedos, em homenagem a Luciano, irmão de 13 anos, mais um, inclusive, em quem Touro aposta para brilhar nos ringues no futuro.
- Fiz a homenagem ao Luciano. Ele me pediu, porque estava engasgado da final dos Jogos Pan-Americanos de 2011 (quando Yamaguchi foi derrotado na final justamente pelo cubano Júlio La Cruz, adversário batido nesta quarta-feira) - revela Yamaguchi.
Touro deu dicas sobre o cubano
A derrota no Pan de Guadalajara, aliás, serviu de lição. La Cruz é o atual campeão mundial e era um dos principais favoritos em Londres. Yamaguchi estudou muito o adversário nos últimos meses. Até Touro estudou e deu dicas ao filho, como ele próprio conta.
- Cuba tem grandes boxeadores. Era uma luta dura. Mas Yamaguchi anulou o cubano. Eu falei com Yamaguchi que era importante abrir vantagem no placar. Quem abrisse um ponto venceria a luta. Porque os dois gostam de lutar com o adversário vindo para cima. Yamaguchi estava preparado. Ele aprendeu a lutar contra o cubano. Agora, cada um tem duas vitórias. Mas Yamaguchi está na semifinal olímpica. O que passa na minha cabeça agora, com tudo o que passamos, não tenho nem como explicar - completa Touro.
O "pior" é que ainda tem mais emoção pela frente nestas Olimpíadas. A sexta-feira promete. Pela manhã, Esquiva Falcão encara o britânico Anthony Ogogo, às 11h (de Brasília-DF). Mais tarde, às 18h, Yamaguchi enfrenta o russo Egor Mekhontcev.